segunda-feira, março 13, 2006

Responsabilidade Diluída

Às vezes, algumas atrocidades acontecem em meio a multidões e as pessoas não reagem e acabamos por nos perguntar porque ninguém faz nada, por vezes imaginamos que teríamos feito alguma coisa se tivessemos a oportunidade.

Em 1960, Kitty Genovese foi atacada e assassinada no bairro Queens em Nova Iorque diante de 38 pessoas. O ataque durou mais de 30 minutos segundo as prórprias testemunhas, uma delas chegou a gritar para o agressor se afastar da garota, o mesmo o fez mas voltou a agredi-la mais tarde.

Alguns psicólogos estudaram o caso e descobriram um fenômeno chamado “responsabilidade diluída.” O azar de Kitty foi ter a sua agressão testemunhada por tanta gente e mais, todos eles terem a noção de que haviam outras testemunhas.

Depois de uma série de experiência, descobriu-se quanto maior o número de pessoas que observam uma tragédia menor a probabilidade de de intervirem ou maior o tempo que elas levam até intervirem.

Numa das esperiências, que envolvia entre um e três participantes numa situação com outra pessoa que fingia um ataque epiléptico, a reação dos participantes era mais rápida quanto menor o número de pessoas na sala.

Em outra experiência, grupos de participantes preenchiam um questionário numa sala e enquanto eles o preenchiam saia fumaça de uma das saídas do ar condicionado enchendo a sala de fumaça em seis minutos. O objectivo era determinar o efeito da presença de outras pessoas na tomada de decisões em situações de emergência. Haviam três condições distintas: na primeira, cada partipante estava sozinho na sala; na segunda, os particpantes estavam em grupos de três e, na terceira, eram três pessoas mas dois eram cúmplices dos investigadores e fingiam não notar a fumaça. No primeiro caso, 75% dos participantes reportaram o incidente, nos segundo 38% reportaram o acidente e no terceiro, apenas 10%.

Existem algumas formas de minimizar o efeito da responsabilidade diluída. Um deles é o simples fato de as pessoas estarem cientes deste fenônemo o que faz com que elas reajam mais rapidamente por terem a noção de que se houverem outras testemunhas elas provavelmente não irão interferir. Outra forma de minimizar este efeito é os agressores responsabilizarem alguém diretamente, em vez de pedirem socorro para o ar devem olhar para uma testemunha e pedir socorro diretamente a ela.

Se aplicarmos o conceito em larga escala veremos com mais clareza algumas atrocidades ocorridas e outras que ocorrem neste exato momento, sabemos que existem mais pessoas assistindo o mesmo que nós na tv e ficamos a espera que alguém faça alguma coisa. Existem muitos exemplos como o Holocausto, o massacre em Sarajevo, Timor-Leste. Em menor escala lembro de um fato recente onde dois gays foram espancados em Ipanema no Rio diante de muitas testemunhas, inclusive gays.

terça-feira, março 07, 2006

Identity Crisis

No último final de semana tive o privilégio de ler a série da DC Comics, Identity Crisis. Fiquei fascinado.

O roteiro é muito bem escrito e a arte é ótima.

A gente acaba crescendo e esquecendo como era bom se distrair lendo um bom gibi, daí a gente perde o contato e nem fica sabendo que os desenhos melhoraram, o formato das histórias e os roteiros também. Mais ou menos como as evoluções do cinema.

Para quem quer saber um pouquinho sobre o que é Identity Crisis:
a série gira em torno da identidade forjada, no caso, dos super-heróis. Também se concentra na falta de identidade secreta do Homem Elástico ou no desvendar da identidade secreta dos heróis.

Tudo começa com a morte de alguém ligada diretamente a um herói e segue-se uma série de ameaças a pessoas relacionadas com outros heróis como, Lois Lane e o pai do Robin.

Durante a investigação, descobre-se fatos pouco éticos da Liga da Justiça que aconteceram num passado distante, mas que volta para assombrá-los, um segredo que muda a estrutura do universo DC daqui pra frente.

Geralmente, quando lemos histórias de super-heróis, nos sentimos em outro mundo, um mundo bem mais irreal que o nosso e isto dificulta um pouco criarmos empatia com as personagens. Em Identity Crisis, vemos os personagens como humanos, pois lidamos com o alter ego de cada um. Ajuda o fato de eles tratarem-se muitas vezes pelo verdadeiro nome e por estarem a resolver um crime dentro do seu próprio mundo, o que os torna mais vulneráveis e os leva a lidar com seu lado mais humano.

Não vou falar mais para não tirar a emoção da leitura, existem muitas coisas que devem ser descobertas durante ela.