sábado, dezembro 24, 2005

Keeping Christmas

Mantendo o Espírito de Natal
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Existe algo melhor do que celebrar o dia de Natal e isto é manter o Espírito de Natal

Estás disposto a…
• perdoar o que fizeste aos outros e lembrar o que os outros fizeram por ti;
• ignorar o que mundo te deve e pensar no que deves ao mundo;
• colocar os teus direitos em segundo plano e os teus deveres à meia distância e as suas hipóteses de fazer um pouco mais do que o teu dever em primeiro plano;
• ver que os homens e as mulheres são tão reais quanto você é e tentar olhar além dos rostos para os corações famintos de alegria;
• conscientizar-se de que provavelmente a única boa razão para a tua existência não é o que vais obter da vida, mas o que vais dar a ela;
• fechar o teu livro de reclamações contra a gestão do universo e procurar em torno de ti um lugar onde possas semear umas poucas sementes de alegria.

Estás disposto a fazer estas coisas mesmo que por um dia? Então és capaz de manter o Espírito de Natal.

Estás disposto a…
• olhar para baixo e considerer as necessidades e desejos das crianças pequenas;
• lembrar da fraqueza e da solidão das pessoas envelhecendo;
• para de perguntar o quanto os teus amigos te amam e perguntar a si mesmo se os ama o suficiente;
• suportar na mente o que outras pessoas tem que suportar no coração;
• tentar entender o que aqueles que vivem na mesma casa que tu realmente querem sem ter que esperar que eles te digam;
• arrumar a tua lâmpada de forma a ela dar mais luz do que fumaça e carregá-la a tua frente de forma a que a tua sombra fique às tuas costas;
• fazer uma sepultura para os teus maus pensamentos e um jardim para os teus sentimentos gentis com o portão aberto.

Estás disposto a fazer estas coisas mesmo que por um dia? Então és capaz de manter o Espírito de Natal.

Estás disposto a…
• acreditar que o amor é a coisa mais forte do mundo -
• mais forte que o ódio, mais forte que a maldade, mais forte que a morte -
• E que a vida abençoada que começou em Belém mil e novecentos anos atrás é a imagem e o brilho do Eterno Amor?

Então és capaz de manter o Espírito Natal.
E se és capaz de mantê-lo por um dia por que não sempre?
Mas, nunca serás capaz de mantê-lo sozinho.


Henry Van Dyke

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Era da informação

Certamente o acesso à informação nunca foi tão fácil quanto agora, na era da Internet, mas esta facilidade muitas vezes agrava o problema, agora há tanto informação e muitas são tão contraditórias que a gente nem sabe em quem acreditar.

Falando em informação contraditória. Alguns artigos sobre fortalecimento da memória mandam não criarmos listas com coisas a fazer já que isto nos tiraria a necessidade de exercitar e melhorar a memória ao recorrermos a ela em vez de recorrer a uma lista. Já os textos sobre gestão de tempo mandam a gente criar uma lista de coisas a fazer. Portanto, quem pedir auxílio para gerir o tempo arriscará a memória.

Comecei isto para falar sobre o livro que li há pouco, Freakonomics, e o que estou lendo agora, State of Fear, mas resolvi deixar para depois, vou terminar o State of Fear primeiro.

 

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- Pai, se durante o dia as plantas produzem oxigénio e à noite elas o consomem, qual o problema de cortarmos todas as árvores da floresta Amazónica?

- Acho que isto é coisa do Governo para não ter que se preocupar com os Índios tirando o glamour das sandálias Havainas.

- É verdade que o aumento no superávit é resultado da exportação de Havainas?

- Acho que sim. E também das modelos.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

"E viveram felizes para sempre..."

Primeiro parágrafo da manchete de capa do jornal Metro de ontem: “Os portugueses já não são “felizes para sempre”. Entenda-se: divorciam-se cada vez mais, contrariando a frase que remata os contos de fadas. E arriscam menos dar o nó.”

Esta idéia pode gerar tantas linhas, mas como eu acho que não vale a pena debater uma afirmação tão sem sentido, pelo menos agora, vou apenas colocar algumas, poucas, questões.

Será que só vivem feliz para sempre quem é casado?

Será que quem se divorcia e volta a casar, uma ou várias vezes, não poderá ser feliz para sempre?

Como evitar as mensagens subliminares da comunicação social? Ou será que a comunicação vai evoluir?

Até quando vão tentar empurrar pela garganta de todo o mundo abaixo que só é feliz ou completo quem se casa e tem família?

Será que é melhor permanecer casado na esperança de ser feliz para sempre mesmo correndo o risco de ter aparecido na manchete da semana anterior que falava sobre o alto índice de violência doméstica?

Será que eu deveria mesmo estar aqui comentando esta notícia?

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Quem cortou a barba do Papai Noel?

Pôxa, lá vem o Natal de novo.

Quase me dá vontade de dizer, “Putz, como este ano passou rápido!” Mas, quase todos os dias alguém me diz isto e eu me pergunto: todos os anos as pessoas dizem que o ano passou rápido, será que os anos estão ficando mais curtos mesmo ou se a gente já pegou mania até de reclamar do tamanho do ano.

Enfim, Natal de novo, o pior é que nem gosto muito de Natal. Será que foi por que eu cresci?

Ontem estava em casa montando a árvore de Natal e o meu filho, que só tem dois anos, achou o máximo, participou em tudo pendurando bolas, fitas, luzes, montando presépio e achou tudo divertidíssimo. Então fiquei pensando que eu também gostava do Natal assim.

Lembro que o Papai Noel era alguém conhecido vestido e lembro de saber quem era a pessoa vestida, mas mesmo assim morrer de medo, isto que eu era uma criança relativamente bem comportada. Era como se a roupa de Papai Noel transforma-se a pessoa. Acho que ainda carregamos um pouco disto hoje achando que as pessoas que usam terno merecem mais respeito ou que as que tem formação académica são mais bem educadas, quando educação é uma coisa que geralmente se traz de berço ou aprendemos quando olhamos para os outros e os vemos como seres humanos dignos, iguais a nós, ou quase iguais.

Muitos criticam o Natal de ter se tornado muito comercial, mas sempre lembro dele assim, na verdade a parte que mais me interessa era a comercial, eu queria era ganhar presente.

Não lembro de ganhar muitos presentes na minha infância, na verdade nem lembro muito da minha infância. O que lembro mais claramente foi o último Natal que passei perto do meu avô e ganhei dele uma agenda e um livro. Lembro das apresentações de Natal que fiz na Igreja e das peças na escola onde eu sempre condenava o pobre Jesus ou lavava as minhas mãos. Uma vez foi Pilatos e na outra fui Herodes.

A ceia de Natal é boa, a família reunida é legal, mas eu não sinto toda aquela emoção da infância, porém não vou estragar o Natal do meu filho sendo um chato, vou tentar fazer o melhor Natal para ele.

Ah, tenho uma outra memória de Natal, na verdade não é bem uma memória.

Minha mãe tinha uma máscara do Papai Noel que era escondida quando o personagem se retirava, mas houve um determinado ano em que alguém, maliciosamente, cortou a barba do Papai Noel. Acho que um dos meus irmãos foi responsabilizado e levou uma surra. Geralmente lá em casa quando o assunto é Natal alguém questiona quem foi que cortou a barba do Papai Noel, o meu irmão que “pagou o pato” continua negando e, de uns tempos para cá, passaram a me acusar porque eu sou o menor. Sinceramente não faço ideia se eu cortei, eu era muito pequeno na época, na verdade lembro de pouca coisa que aconteceu antes dos meus cinco anos, depois dos cinco lembro cada vez menos, talvez por conveniência.

Agora que lembrei desta barba do Papai Noel aparada, lembrei da nova imagem do Lula com a barba mais curta e acho melhor parar, tenho medo de começar a falar demais e com a velocidade que o tempo está passando acabar de escrever isto só nas Páscoa ou pior, nas próximas eleições.

 

segunda-feira, novembro 21, 2005

Comprometer-se

Engraçado como a gente se habitua as regras sem questioná-las esquecendo-se que o tempo passa e as coisas mudam. Nos acostumamos a ouvir gente dizendo, “eu sou assim” e passamos a acreditar que o ser humano não muda, que o que era verdadeiro ontem ainda o é hoje e vai continuar a ser amanhã. Assim, quando nos deparamos com alguma situação no futuro que nos force a mudar ficamos completamente perdidos e remamos contra a maré em vez de aproveitar e evoluir.

            Nesta crença de que não mudamos. Acabamos nos envolvendo ou não nos envolvendo com outras pessoas sem lembrar que o futuro pode alterar as circunstâncias atuais. Acabamos criando armadilhas para nós mesmos e depois sofremos muito para sair delas ou não saímos e acabamos maltratando-nos ou maltratando aqueles que nos cercam.

            Li umas ideias interessantes sobre este assunto num livro no final de semana passado. Falava sobre esta nossa falta de capacidade de entrar num relacionamento com a consciência de que não nos conhecemos assim também e por isto precisamos dar espaço para o inesperado no futuro.

            Costumamos nos comprometer com outra pessoa assim como somos hoje e aceitando a como ela é. Ao mesmo tempo comprometemos uma parte de nós que não conhecemos e que ainda está por vir, uma parte que ambos ignoramos. Comprometemos no nosso futuro uma parte desconhecida de nós mesmos com uma parte desconhecida da outra pessoa.

            Esquecemos que existe uma parte de nós que nos é desconhecida, uma parte imprevisível, incontrolável que no futuro poderá nos ligar mais fortemente ou nos separar. Mas, acabamos comprometendo também está parte.

            Num relacionamento ambos tem que ter consciência que estão comprometendo, agora no presente, uma parte de si que ambos conhecem que são capazes de dar a conhecer. Podemos comprometer o que somos hoje e o que seremos no futuro se evoluirmos hoje e tivermos as nossas capacidades ampliadas pelo outro. Mas, precisamos ter consciência de que o compromisso precisa nos permitir que sejamos fiéis a nós mesmos.

            Talvez, se tivermos consciência destas mudanças que podem ocorrer e da evolução que teremos como casal até que os nossos caminhos se separarem por qualquer motivo que seja, morte ou evoluções em sentidos diferentes, as nossas relações não acabem com um sentimento tão grande de fracasso.

 

            Livro Citado: A Coragem de Ser Autêntico, de Jacques Salomé.