sexta-feira, dezembro 22, 2006

Feliz Natal e um 2007 cheio de realizações

Chegamos a famigerada época do ano em que muitos exclamam, “Como o ano passou rápido!” O que me lembra quando faço uma viagem longa. Enquanto estou no avião estou morrendo de tédio, louco para chegar ao destino e amaldiçoando as horas que não passam. Depois de chegar, até penso que a viagem nem foi tão longa assim, nem foi tão ruim. Pois, como não acontece muita coisa durante o voo, acabamos por não ter o que lembrar e cremos que a viagem foi até curta. No final do ano acontece a mesma coisa.

Foram 365 dias e ao tentarmos lembrar o que aconteceu ficamos com a idéia de que não vamos nem lembrar o suficiente para pensar durante três dias, não conseguimos guardar um por cento de lembranças.

Eu sei que não consigo passar três dias relembrando coisas deste ano sem repetir memórias. Mesmo assim consigo lembrar bastante coisa. Algumas pessoas se afastaram ao longo do caminho—uns por terem ido morar longe, outros porque seguiram por outro caminho que acabou por nos afastar, alguns porque não puderam nos seguir.

Foram muitas lágrimas, sorrisos, discussões, esperanças renovadas, decepções surgidas, famílias que aumentaram, famílias que diminuíram, famílias que se reorganizaram. Foram tantos acontecimentos.

Cada um de nós acolhe estas mudanças da melhor maneira que pode. Muitas se desesperam, lutam contra, amaldiçoam céus e terras por aquilo que perderam ou ganharam. Outros simplesmente se resignam. “O que não tem remédio remediado está.” Já dizia uma das mães de uma amiga minha.

As dádivas colhemos com alegria, as desgraças marcaram fundo o nosso coração.

Tantas vezes nos sentimos sós porque esquecemos de olhar para o lado e ver um amigo que nos acompanhava calado, sentindo a nossa dor, mas nos dando espaço para que descobríssemos sozinhos a nossa força. Entretanto, preparado para nos segurar caso tropeçássemos.

Tantas vezes estávamos mesmo sós e não tivemos solução senão caminhar sorrateiramente, tentando passar despercebidos e simplesmente chegar ao final do dia.

Foram tantas as vezes que carregamos as nossas mágoas e problemas, nos culpando por todo, e acabando por esquecer que realmente existem outras pessoas que gostam da gente e que estão ansiosos por nos ajudar.

Tantos momentos diferentes, tanta água por baixo da ponte. Poucos são aqueles que conseguem dizer, “Este ano correu exatamente conforme eu planejei quando ele começou.”

Agora é chegada a hora de fecharmos para balanço. É a hora de recolhermos tudo em meio às festas de final de ano. É hora de renovar as esperanças, de se preparar para o próximo ano onde poderemos aplicar algumas lições aprendidas neste e onde, com certeza, aprenderemos lições novas.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Crise na Mídia?

            Já moro fora do Brasil há oito anos mas ainda mantenho ligações, minha família está toda aí e preciso cumprir o meu dever cívico de votar no Presidente de quatro em quatro anos. Por um lado, tenho a vantagem de não ser bombardeado com as informações duvidosas presentes na nossa mídia, por outro, tenho que lutar para tentar compreender o que acontece.

 

            Nos últimos meses comecei a me chocar com a postura da imprensa brasileira com relação ao nosso quadro político. Mais especificamente com os ataques ao Presidente Lula. O mínimo esperado de um repórter é que tenha conhecimento das falácias que podem ser usadas para manipular informações para não caírem em armadilhas e abrirem os olhos da população então é difícil não se espantar quando os jornalistas passam a usar as mesmas para manipular a população. Caindo no ridículo de justificar as atitudes usando uma lógica no mínimo infantil. “Se há escândalo no governo quer dizer que ele é mau e temos que derrubá-lo. Apoiamos um candidato decente, não importa que os escândalos no estado em que ele governava foram varridos para baixo do tapete.”

 

            No meio de todo este jogo nós, os que deveriam ser informados, acabamos por perder. Ficamos sem saber se as CPI’s eram mesmo válidas, ficamos sem saber como foi o governo do Alckmin, ficamos sem ver os índices do que melhorou no governo Lula, ficamos sem saber como funciona verdadeiramente o Programa Nacional de Agricultura Familiar, o Compra Direta, o Bolsa Família. Há casos em que a família recebe dinheiro do bolso família para manter os filhos na escola; as escolas para garantir a merenda escolar compram produtos destas famílias que tiveram a produção financiada pelo Pronaf. No meio disto tudo os atravessadores são eliminados facilitando a vida do produtor e do comprador.

 

            O maior problema, e muita gente ainda não se deu conta, é que existe mais de um Brasil. Existe um Brasil dos pobres, dos miseráveis, existe um Brasil dos ricos, existe um Brasil da classe média e existe apenas um governo, que tem que dar conta deste país todo. Acrescente a tudo isto a nossa infantilidade política. Exercemos nossa direito democrático do voto poucas vezes ainda estamos amadurecendo, errando e aprendendo. Só espero que os prejuízos dos erros não sejam muito altos.

 

            Acabei por encontrar dentro da própria mídia, algumas vozes que se afastam do coro entoado pelos jornalistas. Não tenho certeza é se estas vozes são observados no Brasil ou se são taxados de subversivos pela mídia macartista que temos. Quando vejo o poder da comunicação ser posto em prática, acabo por lembrar do livro 1984, do George Orwell, acabo por lembrar também de outro George, o Bush, este que é o atual presidente dos EUA. Lembro de como ele caçou as vozes que ousaram questionar o porquê do 11/9. Ninguém disse que não era uma atrocidade, mas houve gente que ousou perguntar o porquê e acabaram sendo cassados pelos colegas da mídia.

 

            Vivemos na era da informação, a Internet veio alterar muitas certezas e ampliar o nosso universo. Democratizou a informação. Por um lado temos acesso a informação praticamente ilimitada, em contrapartida, não sabemos em quem confiar. Já vi texto do Kledir Ramil circulando com o nome do Veríssimo, já vi texto preconceituoso contra pagode circular com o nome do Veríssimo, já vi texto da Martha Medeiros circular com o nome do Jabor, já vi a propagação da ONG estritamente virtual “Amigos de Plutão” criada por um “jornalista” irresponsável e com ameaça de CPI no congresso feita por um político no mínimo ingênuo.

 

            Voltei a me chocar um pouco na semana passada quando recebi um e-mail com a história do Paulo G. Müller, o cara que, supostamente, bateu duas fotos antes do avião da Gol despencar. O e-mail trazia as fotos em anexo que eram snapshots da série de TV chamada “Lost”. Os mais crentes e desavisados propagaram o e-mail pela Internet e acredito que milhares, se não milhões, de pessoas caíram no conto. Para agravar um pouco mais, hoje recebi um trecho do Jornal de Uberaba com a mesma “reportagem” e a mesma foto. Agora estou num impasse: será que o jornal é tão ruim assim que não valida as fontes das “notícias” que circulam pela net ou será que o último e-mail nem é verdadeiro, o jornal nem existe, ou existe e nem publicou tal matéria.

 

            Tudo isto me lembra o personagem do “1984” corrigindo discursos passados do Presidente para que ele não caísse em contradição.

terça-feira, novembro 14, 2006

Livro: To Kill a Mockingbird

“Atirem em todos os gaios que você quiser, se conseguir acertá-los, mas lembre-se é pecado matar um pássaro poliglota.” No original, “Shoot all the bluejays you want, if you can hit 'em, but remember it's a sin to kill a mockingbird.” No Brasil, o livro chama-se “O sol é para todos.”

Este é o conselho dado para o sábio Atticus Finch para seu filho Jem depois de lhe dar uma arma de pressão como presente de Natal. A princípio Jem não entende o porquê até que Calpurnia, a empregada da casa, explica que os mockingbirds não fazem mal a ninguém, nem pessoas nem outras aves, elas simplesmente cantam. Assim acabamos por descobrir o porquê do nome do livro de Harper Lee.

Acabei de lê-lo esta semana. Esperava que a leitura fosse boa, mas não consegui deixar de me impressionar pela capacidade que Harper Lee teve ao retratar o modo de falar dos sulistas americanos.

A estória é narrada em primeira pessoa por Scout Finch e relata três anos da infância dela e do irmão Jem. Scout narra a infância dos três e o impacto da vida do pai, Atticus Finch, na vida deles. Os eventos acontecem nos EUA, no início do século passado, a escravatura havia sido abolida mas os negros ainda não eram considerados seres humanos. Atticus é o exemplo de retidão e luta pelos seus princípios enquanto tenta educar os filhos e dar-lhes armas para resolverem os problemas que encontram e que aumentaram ao longo da vida.

Atticus é escolhido para defender um negro acusado de ter estuprado uma jovem do condado de Maycomb, Alabama. Atticus, um exemplo de integridade, luta com todas as suas forças para desempenhar o seu papel na luta de classes. Ele acredita na igualdade dos homens e luta por ela. Através da ingenuidade inerente das crianças que percebemos em Scout somos agraciados com questionamentos simples sobre as convenções sociais e o racismo.

As duas crianças crescem com valores ligados a autenticidade, Atticus incita-as a pensarem por si sem seguir as convenções, mas ao mesmo tempo ensina-as que nem sempre vencemos ou temos que lutar, as vezes devemos ser tolerantes e lutar com a cabeça, aceitando pequenas derrotas que nos trarão algumas vitórias no futuro.

terça-feira, setembro 26, 2006

O verão está acabando

Mais um verão chega ao final. Os dias já começaram a ficar mais curtos e até choveu um pouco nestes últimos dois dias. Acho que por estar habituado a ter o verão como um símbolo do início de um novo ano no Brasil, afinal, as coisas recomeçam mesmo depois das férias de verão, ainda sinto um pouco disto aqui em outro hemisfério.

Não gosto muito do verão porque o calor me incomoda. Quando existe a possibilidade de se passar o verão apenas “lazeirando” não me sinto tão incomodado, mas quanto temos que nos vestir e ir para o trabalho diariamente, mantendo uma certa sobriedade na maneira de vestir, o verão se torna mais complicado de suportar.

Adoro, porém, os dias mais cumpridos, o colorido da luz no alvorecer do dia e, acima de tudo, adoro a luz do crepúsculo. Gosto de deixar as janelas abertas e observar o dia acabando. A nossa casa, nossa vida, tão iluminada, com tudo tão bem delimitado, começa a se mesclar, as delimitações começam a sumir.

As tonalidades da luz que colorem a cidade começam a mudar e os tons se tornam mais variados. Tente fazer uma comparação entre uma cidade iluminada com a luz do final do dia e durante o meio-dia por exemplo. Muito luz torna tudo muito visível diminuindo o espaço para imaginarmos as coisas.

Vou sentir falta destas coisas. Pelo menos até o próximo ano, mas, em contrapartida, está chegando o Outono. Ah, o Outono. Com suas cores, a sua temperatura amena, as folhas das árvores pelo chão, a sensação de preparação para entrar num período mais lento e escuro, a semi-hibernação que é o Inverno.

Está chegando perto a hora de fazer as mudanças práticas para a troca de estação. Trocar as roupas de Verão pelas de Inverno, começar a incrementar o peso das cobertas de cama, aproveitar para arejar os colchões e armários. Se preparar mentalmente para não cair na tentação de comer muito no Inverno, quando tudo nos parece mais apetitoso.

Enfim, o tempo é assim mesmo, ciclos que vão e vem, e a gente aqui, observando eles passarem. Relembrando com saudades bons momentos e aguardando com esperança o que está por vir.

domingo, maio 07, 2006

Algumas (poucas) estatísticas sobre o Brasil

Em Abril, foi colocada em funcionamento a plataforma flutuante P-50 da Petrobrás que permitirá uma produção média de petróleo de 1,9 milhões de barris por dia, mais do que o consume médio nacional de 1,85 milhões de barris. Pela primeira vez a produção de Petróleo será mais alta do que o consumo.

O Brasil detem a liderança na produção mundial de biocombustível, fabricando um bilhão de litros à partir da cana de açúcar. O sucesso dos motores flexi-fuel permitem que os automóveis funcionem com alcoól e/ou gasolina. Auxiliando também na diminuição da poluição e na dependência exclusiva do petroléo. A Suécia já importou a tecnologia e agora está importando carros flexi-fuel para suprir a demanda.

A exportação cresceu 22,6% e a balança comercial fechou 2005 com um superávit (diferença positiva entre exportações e importações) recorde de 44764 milhões de dólares, o melhor desempenho da história. As contas do Estado, do Executivo Federal e dos munícipios brasileiros registraram um superávit primário (receitas menos despesas, sem contar os juros) de 4,84% o mairo dos últimos 11 anos. Permitindo ao país saldar a dívida de 15,5 milhões de dólares com o FMI (Fundo Monetário Internacional) com dois anos de antecipação, poupando cerca de 900 milhões de dólares em juros.

segunda-feira, março 13, 2006

Responsabilidade Diluída

Às vezes, algumas atrocidades acontecem em meio a multidões e as pessoas não reagem e acabamos por nos perguntar porque ninguém faz nada, por vezes imaginamos que teríamos feito alguma coisa se tivessemos a oportunidade.

Em 1960, Kitty Genovese foi atacada e assassinada no bairro Queens em Nova Iorque diante de 38 pessoas. O ataque durou mais de 30 minutos segundo as prórprias testemunhas, uma delas chegou a gritar para o agressor se afastar da garota, o mesmo o fez mas voltou a agredi-la mais tarde.

Alguns psicólogos estudaram o caso e descobriram um fenômeno chamado “responsabilidade diluída.” O azar de Kitty foi ter a sua agressão testemunhada por tanta gente e mais, todos eles terem a noção de que haviam outras testemunhas.

Depois de uma série de experiência, descobriu-se quanto maior o número de pessoas que observam uma tragédia menor a probabilidade de de intervirem ou maior o tempo que elas levam até intervirem.

Numa das esperiências, que envolvia entre um e três participantes numa situação com outra pessoa que fingia um ataque epiléptico, a reação dos participantes era mais rápida quanto menor o número de pessoas na sala.

Em outra experiência, grupos de participantes preenchiam um questionário numa sala e enquanto eles o preenchiam saia fumaça de uma das saídas do ar condicionado enchendo a sala de fumaça em seis minutos. O objectivo era determinar o efeito da presença de outras pessoas na tomada de decisões em situações de emergência. Haviam três condições distintas: na primeira, cada partipante estava sozinho na sala; na segunda, os particpantes estavam em grupos de três e, na terceira, eram três pessoas mas dois eram cúmplices dos investigadores e fingiam não notar a fumaça. No primeiro caso, 75% dos participantes reportaram o incidente, nos segundo 38% reportaram o acidente e no terceiro, apenas 10%.

Existem algumas formas de minimizar o efeito da responsabilidade diluída. Um deles é o simples fato de as pessoas estarem cientes deste fenônemo o que faz com que elas reajam mais rapidamente por terem a noção de que se houverem outras testemunhas elas provavelmente não irão interferir. Outra forma de minimizar este efeito é os agressores responsabilizarem alguém diretamente, em vez de pedirem socorro para o ar devem olhar para uma testemunha e pedir socorro diretamente a ela.

Se aplicarmos o conceito em larga escala veremos com mais clareza algumas atrocidades ocorridas e outras que ocorrem neste exato momento, sabemos que existem mais pessoas assistindo o mesmo que nós na tv e ficamos a espera que alguém faça alguma coisa. Existem muitos exemplos como o Holocausto, o massacre em Sarajevo, Timor-Leste. Em menor escala lembro de um fato recente onde dois gays foram espancados em Ipanema no Rio diante de muitas testemunhas, inclusive gays.

terça-feira, março 07, 2006

Identity Crisis

No último final de semana tive o privilégio de ler a série da DC Comics, Identity Crisis. Fiquei fascinado.

O roteiro é muito bem escrito e a arte é ótima.

A gente acaba crescendo e esquecendo como era bom se distrair lendo um bom gibi, daí a gente perde o contato e nem fica sabendo que os desenhos melhoraram, o formato das histórias e os roteiros também. Mais ou menos como as evoluções do cinema.

Para quem quer saber um pouquinho sobre o que é Identity Crisis:
a série gira em torno da identidade forjada, no caso, dos super-heróis. Também se concentra na falta de identidade secreta do Homem Elástico ou no desvendar da identidade secreta dos heróis.

Tudo começa com a morte de alguém ligada diretamente a um herói e segue-se uma série de ameaças a pessoas relacionadas com outros heróis como, Lois Lane e o pai do Robin.

Durante a investigação, descobre-se fatos pouco éticos da Liga da Justiça que aconteceram num passado distante, mas que volta para assombrá-los, um segredo que muda a estrutura do universo DC daqui pra frente.

Geralmente, quando lemos histórias de super-heróis, nos sentimos em outro mundo, um mundo bem mais irreal que o nosso e isto dificulta um pouco criarmos empatia com as personagens. Em Identity Crisis, vemos os personagens como humanos, pois lidamos com o alter ego de cada um. Ajuda o fato de eles tratarem-se muitas vezes pelo verdadeiro nome e por estarem a resolver um crime dentro do seu próprio mundo, o que os torna mais vulneráveis e os leva a lidar com seu lado mais humano.

Não vou falar mais para não tirar a emoção da leitura, existem muitas coisas que devem ser descobertas durante ela.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Aquecimento global

Já faz alguns anos que se fala em Aquecimento Global que a sua existência passou a fazer parte das nossas certezas e paramos de questionar a sua veracidade. Ao ler o livro “State of Fear,” do famoso escritor Michael Crichton, autor de Jurassic Park e O Mundo Perdido, entre outros, me deparei com a idéia de que o aquecimento global é simplesmente uma teoria, não há certezas sobre a sua real existência.

Vou apontar aqui algumas das teorias opostas à certeza atual do aquecimento global, retiradas do livro “State of Fear”:

De acordo com dados do site da NASA, no último século o aquecimento global foi de 0,5 ºC (http://data.giss.nasa.gov/csci/discussion.html). A temperatura média anual atual nos EUA, por exemplo, se equipara à dos anos 30. Sim, a temperatura média tem vindo a subir nos últimos trinta anos, mas antes disto houve um período de trinta anos em que a mesma esteve a cair.

De 1880 à 2000, a temperatura média aumentou um grau e a emissão de CO2 aumento 0,8, enquanto que de 1940 à 1970, a emissão de CO2 subiu 0,15 e a temperatura baixou 0,2. Será que existe mesmo alguma relação entre o aumento da emissão de CO2 e o aumento da temperatura?

O derretimento da Antártica
Acompanhando o aquecimento global fala-se que o mesmo provoca o aquecimento das calotas polares e consequente derretimento da Antárctica. Mas, algumas pesquisas afirmam exatamente o contrário:

Já que o aquecimento global é um problema de todo o mundo, as Nações Unidas criaram um orgão para acompanhar as descobertas relacionadas com o aquecimento global chamado IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas). Este orgão gera um relatório de tempos em tempos com os resultados das pesquisas mais recentes relacionadas com as alterações climáticas. Entretanto, no relatório de 1995, uma alteração de última hora deixou a comunidade científica exaltada. No relatório os cientistas diziam não ser possível afirmar com certeza se as alterações no ambiente eram causadas por influência humana. Na última hora, esta linha foi eliminada do documento e substituída por uma que dizia que uma identificável influência humana realmente existia.
(http://www.ourcivilisation.com/aginatur/hot.htm)

Em 1988, James Hansen anunciou o aquecimento global e previu que as temperaturas iriam subir 0.35 ºC nos próximos dez anos. O aumento real foi de 0.11 ºC. Um erro de 300%. Em 1998, Dr. Hansen disse que as forças que governam o clima não são tão bem entendidas que permitam uma previsão a longo prazo.
(http://www.pnas.org/cgi/content/abstract/95/22/12753)

Os fatores que influenciam o clima são tantos e tão variados que previsões a longo prazo tornam-se praticamente impossíveis. Ainda não temos capacidade para tal. Nem os El Niños, que acontecem mais ou menos a cada quatro anos temos capacidade para prever.
(http://www.aoml.noaa.gov/hrd/Landsea/skill/)

Ameaças do aquecimento global
Problemas nas colheitas: como aprende-se na escola, as plantas respiram CO2 e também tem o seu crescimento aumentado pelo gás portanto a idéia é bastante infundada;

Com isto, vemos que aquecimento global e alguns dos problemas que têm a sua origem nele podem ser simplesmente algo natural. Talvez seja um pouco egocêntrica a idéia de que o ser humano é capaz de causar grandes transformações no planeta ainda mais quando consideramos a quantidade imensa de variáveis envolvidas na definição climática do nosso planeta.

A natureza vive uma luta constante e incessante para encontrar o seu equilíbrio, podemos considerar a terra um organismo vivo que adapta-se a diversas situações de forma a manter a sua saúde.

Enquanto lia os links aqui descritos, que foram indicados no livro do Michael Crichton, também encontrei alguns textos publicados que criticavam o livro. Nos textos deste tipo que eu li notei uma certa semelhança entre eles. Embora citem alguns dos erros cometidos por Crichton, eles também me deram a idéia de não terem grandes certezas com relação a muitas das teorias aqui expostas e acabam sempre tendendo para o lado teórico e nas diversas possibilidades para o futuro. Não há muitas certezas cientificamente fundamentadas e comprovadas.

Para encerrar, gostaria de esclarecer que não sou contra as diversas medidas que hoje tomamos para proteger o ambiente e manter o nosso planeta mais habitável. Usando uma analogia do próprio livro do Crichton, o fato de eu ser contra a pena de morte não significa que eu seja a favor de não se punir os bandidos.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

O Mundo Plano

Alguém ainda duvida que vivemos na era da informação?
Exemplo: estou em Lisboa, publicando isto num site americano que pode ter o seu servidor colocado em qualquer parte do mundo e, à partir do momento em que o texto é publicado, fica acessível à qualquer pessoa em praticamente qualquer parte do mundo.
Esta facilidade na divulgação da informação, esta democratização da informação, acarreta e acarretará muitas mudanças no cenário mundial onde entra também a tão falada globalização. O comentarista de política internacional, Thomas L. Friedman, no seu livro mais recente, O Mundo é Plano, mostra os indícios que provam que o nosso mundo está a tornar-se mais plano a cada dia e menciona dez acontecimentos que contribuíram para que o mundo se tornasse plano. Eles são:

#1 – 9/11/1989 – Quando se derrubaram muros e edificaram janelas
Cai o muro de Berlim e aumenta a distribuição de informação. Começa uma uniformização corporativa à partir democratização da informação. Logo depois surge o Windows permitindo que as pessoas interajam melhor com o PC, aumentando o número de aplicações criadas e aumentando a produtividade empresarial e pessoal.
#2 – 9/9/1995 – Quando a Netscape se torna pública
Abrem-se as portas para a massificação da Internet. O Netscape torna a Internet acessível a todos e ajuda a garantir que os protocolos já existentes (HTTP, FTP, TCP/IP, POP e outros) não seriam monopolizados pela Microsoft ou outra grande corporação. Surgiu também a bolha das dotcom quando muitas empresas começaram a explorar a necessidade de comunicação e distribuir quilômetros de fibra ótica pelo mundo. Depois do estouro da bolha estas fibras foram vendidas muito barato o que facilitou e barateou a comunicação mundial.
#3 – Software de sistematização dos fluxos de trabalho – Vamos almoçar: faça com que a sua aplicação “fale” com a minha aplicação
É uma revolução silenciosa que permite que as aplicações se comuniquem entre si contribuindo ainda mais para que o mundo se torne plano. Uma plataforma global foi criada, em vez de tentar-se manipular o formato das aplicações acabou-se por permitir que elas se entendessem entre si.

Estes três primeiros acontecimentos criaram uma plataforma poderosa que planificou o mundo permitindo que todos se comunicassem. Os seis acontecimentos seguintes representam novas formas de colaboração que fazem uso desta plataforma.

#4 – Open-Sourcing – Comunidades cooperantes auto-organizadas
No open-sourcing ferramentas são desenvolvidas por várias pessoas e ninguém é proprietário da ferramenta. Temos como exemplo o Apache que é usado por dois terços dos servidores de Internet actualmente e esta em constante evolução por ser open source. Enquanto que nos softwares comerciais o código fonte é guardado a sete chaves, nos softwares open source o código está a disponibilidade de quem quiser permitindo que erros sejam detectados e corrigidos rapidamente e permite que o software seja melhorado por qualquer um. O open source disponibiliza gratuitamente muitas ferramentas e desafia as estruturas hierárquicas com um modelo horizontal de inovação. Outros exemplos além do Apache, são o Linux, o Gimp, a Wikipédia, o Mozilla, entre outros.
#5 – Outsourcing – Y2K
Com o famoso bug do milénio, muitas empresas americanas contrataram mão de obra mais barata, na Índia, para fazer o trabalho aborrecido de melhor alterar o ano nas datas de dois dígitos para quatro. Graças aos três primeiros acontecimentos mencionados era possível enviar os programas para serem alterados na própria Índia o que tornava o processo mais barato. Depois de resolvido o problema, o barateamento das comunicações permitiu que esta solução fosse adotada em outras situações o que tornou a Índia, por exemplo, um grande celeiro de massa cinzenta para os EUA.
#6 – Offshoring – Correndo com as gazelas, comendo com os leões
A entrada da China na OMC permitiu que muitas empresas tivessem produtos fabricados lá por um preço baixíssimo barateando os custos de produção e consequentemente aumentando lucros empresariais e reduzindo preços.
#7 – Encadeamento de Abastecimento – Comer Sushi no Arkansas
A automação da comunicação entre as empresas foi facilitada quando o mundo começou a tornar-se plano o que possibilita que as empresas se comuniquem entre si aumentando a qualidade do serviço oferecido, diminuindo preços e facilitando a distribuição das mercadorias. Temos como exemplo a empresa americana Wal-Mart que controla o seu estoque diretamente com o fornecedor, conforme as mercadorias vão sendo vendidas o fornecedor vai adaptando a sua produção e distribuição.
#8 – Insourcing – O que andam a fazer, na realidade, aqueles indivíduos de calções castanhos engraçados
Insourcing é quando uma empresa contrata outra, melhor capacitada, para prestar um serviço necessário. Por exemplo, se você tem um portátil Toshiba, dentro do prazo de garantia, que se avariou, a Toshiba lhe dará instruções para deixar o mesmo numa loja da UPS para que seja reparado. Antigamente a UPS transportava o portátil até uma autorizada da Toshiba para que o mesmo fosse reparado para acelerar o processo, atualmente é a própria UPS que conserta o portátil e o devolve. Outro exemplo, a Nike prefere investir na concepção de ténis, não em cadeias de abastecimento, então melhorou o seu serviço ao contratar alguém com o know-how e a estrutura necessária para fazer a distribuição. Outro detalhe, a UPS fornece serviço para todo tipo de empresa e tenta adequar os preços permitindo que empresas menores tenham a mesma qualidade de serviço das grandes favorecendo ainda mais a planificação do mundo ao democratizar as oportunidades.
#9 – In-Forming – Motores de busca Google, Yahoo! e MSN.
A informação ao alcance de todo o mundo, basta pesquisar na rede. Tente lembrar como era antigamente, quando não existia a Interne, por exemplo, era preciso ir-se as bibliotecas a procura de informações e às vezes era preciso um pouco de sorte para se encontrar rapidamente o que desejava ou ter a sorte de a publicação pretendida estar disponível.
#10 – Os Esteróides – Digitais, Móveis, Pessoais e Virtuais.
As comunicações sem fios, os telefones celulares, iPods, PDAs e outras ferramentas do mesmo estilo nos mantém em contato com o mundo e com todos o tempo inteiro. O celular deixa de ser a cada um simples telefone para incorporar novas funções e características. No Japão, os jovens utilizam o PC no escritório e os celulares e apoiam o estilo de vida pessoal no celular. A informação disponíveis aos jovens japonesas através da Internet nos celulares é tão grande que mal tenham uma dúvida a primeira coisa que fazem é buscar a resposta pelo telefone. Imagine as seguinte situação, o telefone tem um scan de códigos de barra e você está andando pela rua e vê um pôster anunciando um show da Madonna, você passa o scan pelo código e o bilhete é comprado. Outro pôster anuncia o novo CD da Madonna, você passa o scan e recebe no telefone amostras das músicas do CD, se gostar, passa o scan de novo e compra o CD que será entrega na sua casa, ou terá as músicas disponibilizadas para o telefone.
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Enfim, muitas alterações já ocorreram e ainda há muitas para ocorrer. Há muito espaço para a criatividade porque ainda há muita inovação a ser explorado.
Apresentei um resumo muito resumido das ideias todas só para dar uma noção das idéias principais.
Continuo a ler o livro, agora ele analisa as alterações no mercado de trabalho já que não estaremos mais restritos a barreiras físicas e geográficas permitindo que os empregos se tornem mais concorridos.

Fonte: O Mundo é Plano – Uma breve história do Século XXI, Thomas L. Friedman.
Ao som de: Perfil – Ana Carolina